A ORAÇÃO PELOS DESENCARNADOS
José Eurípedes Garcia
Igarapava/SP
Allan Kardec, ao escrever O Evangelho Segundo o Espiritismo, faz alusão à prece pelos desencarnados, discutindo se ela é capaz de mudar as penas ou gozos a que o espírito está submetido.
Referimo-nos aqui à intervenção a favor de alguém através da oração.
Poderíamos também fazer alusão às nossas rogativas quando solicitamos a algum espírito superior que nos ajude em algum problema que enfrentamos.
Qual é o mecanismo da oração?
Nossas vibrações chegam diretamente à pessoa por quem estamos orando? E os mentores espirituais, recebem nossas orações “on line”? Como funciona efetivamente a oração?
Para melhor compreensão do assunto vamos dividi-lo em duas partes, a saber:
1. A oração por aqueles que foram na terra nossos parentes ou amigos
Nossas orações nem sempre chegam diretamente àqueles por quem oramos, pois em muitos casos poderiam causar desequilíbrio naqueles que nos são caros.
É assim que André Luiz, pela abençoada mão de Francisco Cândido Xavier, no livro E a Vida Continua, nos relata a história de Evelina e Ernesto, que possuindo na terra esposo, esposa, pais, filhos, etc. passam mais de dois anos na espiritualidade sem receber qualquer noticia de seus familiares. Será que ninguém orou por eles, uma vez sequer?
No livro Nosso Lar encontramos algo semelhante, onde o próprio André Luiz passa muitos anos sem qualquer informação sobre os familiares, sem receber uma prece um carinho, ou algo parecido.
Ainda no mesmo livro deparamos com a informação que lhe é transmitida por Clarêncio na página 84, 49 a edição da FEB diz textualmente:
“.... nos quinze anos de sua clínica, também proporcionou receituário gratuito a mais de seis mil necessitados. Na maioria das vezes, praticou esses atos meritórios absolutamente por troça; mas, presentemente, pode verificar que, mesmo por troça o verdadeiro bem espalha bênçãos em nossos caminhos. Desses beneficiados, quinze não o esqueceram e têm enviado, até aqui, veementes apelos a seu favor”
Como entender o porquê dessas orações não irem diretamente ao interessado? Por que André Luiz não as recebeu, se aparentemente poderiam gerar um bem-estar para seu sofrido espírito?
Como regra geral ao desencarnar o espírito passa por um período onde as notícias da terra são bloqueadas para não gerarem fortes emoções naqueles que iriam recebê-las, pois isto iria desequilibrar os espíritos recém desencarnados.
O espírito Manoel Philomeno de Miranda, através de Divaldo Pereira Franco, no livro Reencontro com a Vida escreve que “O ato da oração é constituído pelo fixar dos pensamentos nobres e aspirações superiores, produzindo ondas carregadas de amor de harmonia que mantêm em grande atividade os centros nervosos, que se alimentam de forças e, de imediato exteriorizam as vibrações que atraem os bons espíritos, que acorrem para ajudar, ao tempo em que as canalizam no rumo das Esferas superiores onde são captadas para análise imediata.
Em face do seu conteúdo especial, são potencializadas e retornam ao emissor, proporcionando-lhe vitalização e alegria.
Dessa forma, a oração será encaminhada aos Centros Espirituais de Captação para análise de conteúdo ou direcionar-se para os objetivos a que se destina.”
Fica claro aqui que os Centros Espirituais de Captação, recebem nossas orações, fazem uma triagem e tomam as medidas necessárias ao atendimento.
2. Quando oramos pedindo ajuda aos mentores espirituais
O mecanismo em nada se difere daquele que acabamos de relatar, pois os Mentores Espirituais tem múltiplas atividades e não podem estar 24 horas à nossa disposição.
Que dizer de um hábil cirurgião que vai para a sala de cirurgia com o seu aparelho celular ligado, sujeito a inúmeras interrupções durante o trabalho, lhe impedindo a necessária concentração?
Assim quando pedimos ajuda, os Centros Espirituais de Captação, recebem nosso apelo e toma as providências para o atendimento, segundo o merecimento e necessidades do solicitante.
Devemos considerar que isto em nada desmerece a oração, pelo contrário nos deixa a certeza de que quando pedimos seremos escutados.
Poderíamos terminar estes rápidos comentários com as sábias palavras de Emmanuel no livro Pensamento e Vida, quando na página 122, 9a edição da FEB, “Dispomos na oração do mais alto sistema de intercâmbio entre a Terra e o Céu.
Pelo divino circuito da prece, a criatura pede o amparo do Criador e o Criador responde à criatura pelo principio inelutável da reflexão espiritual, estendendo-lhe os Braços Eternos, a fim de que ela se erga dos vales da vida fragmentária para os cimos da Vida Vitoriosa.”
(Mentes do Amanhã - Ano II - Edição V - Agosto/2009)