(publicado no Mentes do Amanhã - Ano I - Edição 2 - setembro/2008)
19. O homem não pode, pelas investigações das ciências, penetrar em alguns dos segredos da natureza?
– A ciência lhe foi dada para seu adiantamento em todas as coisas, mas não pode ultrapassar os limites fixados por Deus.
Quanto mais é permitido ao homem penetrar pelo conhecimento nesses segredos, maior deve ser sua admiração pelo poder e sabedoria do Criador; mas, seja pelo orgulho ou fraqueza, sua própria inteligência o torna, muitas vezes, joguete da ilusão. Amontoa sistemas sobre sistemas e cada dia que passa lhe mostra quantos erros tomou por verdades e quantas verdades rejeitou como erros. São outras tantas decepções para o seu orgulho.
Muito se fala hoje em dia sobre as células tronco. Mas o que é uma célula tronco?
É um tipo de célula que pode se diferenciar e constituir diferentes tecidos do organismo. As células-tronco são auto-replicantes ou seja, podem gerar cópias idênticas de si mesmo.
Em alguns casos a clonagem é um método de reprodução normal para muitos seres. As bactérias, por exemplo, têm uma célula só e se reproduzem, portanto, por meio da clonagem. Então, toda bactéria nasce clonada, ou seja, são cópias genéticas perfeitas das mães, que duplicam seu “corpo” para depois se dividir em duas.
Nos demais organismos, a reprodução só ocorre por meio da fecundação, ou seja, através do óvulo e do espermatozóide. Na fecundação, o óvulo e o espermtozóide se unem somando seus genes, de maneira que a célula formada passa a ter dois conjuntos de DNA. A partir daí, ela se multiplica e se divide sucessivamente, se transformando em um embrião.
Existem, portanto, duas formas de clonagem. Uma, com fins terapêuticos, outra com fins reprodutivos.
Com a reprodutiva, objetiva-se fazer a cópia de um indivíduo, técnica pela qual transfere-se o núcleo para um óvulo sem núcleo. Havendo a divisão do óvulo, transferindo-o para um útero humano e se desenvolvendo, obter-se-á a cópia do indivíduo de quem foi retirado o núcleo da célula.
Quando os fins são terapêuticos, as células são multiplicadas em laboratório para formação dos tecidos. A partir daí, os benefícios podem ser muitos, pois as células-tronco podem se transformar em qualquer parte do corpo. Através da injeção de células-tronco, essas passam a funcionar como as defeituosas, podendo-se tratar de doenças neuro-degenarativas, Mal de Huntington, Mal de Alzheimer, Mal de Parkinson, Paralisia, Cirrose, Diabetes, Queimaduras, etc.
Muito se questiona a respeito de o Espiritismo ser contra ou a favor a utilização das células-tronco. Ora, esse é um questionamento de difícil resposta. Afinal, se o Espiritismo se posiciona como uma Ciência, deve assumir uma postura de pensamento científico. Como filosofia deve refletir sobre o assunto, permitindo que cada um possa dentro de suas concepções posicionar-se contra ou a favor do assunto.
A clonagem humana é alvo de muita polêmica e resulta, naturalmente em uma proibição mundial, em função de uma série de fatores, que implicam em inúmeros questionamentos de natureza ética. Quem seriam o seres clonados? Que espíritos habitariam esses corpos? Haveriam espíritos? Quais os interesses por detrás dessas pesquisas? Qual o proveito disso para a sociedade?
Sabe-se, além disso que, em 100 tentativas, 95 não terão sucesso; e mesmo as gestações que prosperarem poderão não obter sucesso, começando por um envelhecimento celular precoce.
Quanto a sua finalidade terapêutica, vemos o surgimento de um conceito revolucionário dentro da ciência, em especial na medicina, em decorrência dos enormes benefícios advindos de tal descoberta.
É imprescindível, portanto, adquirirmos conhecimento sobre as bases da Doutrina Espírita, a fim de poder questionar o aspecto ético de pesquisas dessa natureza, entretanto, a posição é e será sempre pessoal, cabendo ao Espiritismo e as demais correntes filosóficas e religiosas, nortear a sociedade a um comportamento ético, baseada no bom senso e no respeito a vida e sua interação com o todo.
Existem, naturalmente, muitas dúvidas a respeito do assunto; o que é natural, e como espíritas, temos que aprender a conviver com elas, compreendendo que as respostas virão com o tempo.
O que importa, é estarmos sempre firmes com o objetivo do conhecimento da verdade, estando abertos a adoção de novos conceitos.
Afinal o mundo evoluiu muito desde o surgimento da Doutrina Espírita, e é preciso que nós espíritas tenhamos a mente voltada para novas descobertas no cenário científico, recordando esse trecho de “A Gênese”, Cap. 1: Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará.”