A FELICIDADE DE SER ESPÍRITA E A FELICIDADE DO SER ESPÍRITA
Sílvia F. Gouveia (Guará/SP)
Sonia Santos (Ituverava/SP)
Que a felicidade faz parte do espiritismo não há dúvida. Somente com a chave que o conhecimento da reencarnação nos traz, seremos capazes de entender o Sermão do Monte e suas bem-aventuranças poéticas e eternas. Jesus trouxe-as à Terra de forma sublime e imortal, mas o homem só consegue herdá-las como patrimônio íntimo a gerenciar seus sentimentos quando compreendê-las a partir da premissa da imortalidade, idas e vindas do espírito imortal.
A doutrina espírita codificou ensinamentos imortais e compreendê-los nos faz pessoas mais felizes, com fé mais robusta, com mais serenidade, sem a ansiedade da descrença e da incerteza.
Essa a felicidade de ser espírita. A felicidade de crer, de ter uma fé inabalável, “capaz de encarar a razão face a face em todas as épocas da humanidade”. Por isso mesmo a doutrina espírita é chamada “Consolador Prometido”.
Uma pessoa muito amiga de trabalho espírita nos disse: Existem três fases que a pessoa passa em relação à Doutrina Espírita: 1- Quando entramos na Doutrina Espírita, 2 – Quando a Doutrina Espírita entra em nós, e a mais sublime, 3- Quando a Doutrina sai de nós, por todos os poros em genuíno amor.
Quando entramos na Doutrina Espírita temos um big bang de suprema felicidade. É mesmo um arroubo da alma descobrirmo-nos seres imortais, fadados a felicidade e a perfeição. Quando descortinamos a luz de O Livro dos Espíritos, como o Evangelho do Senhor torna-se infinitamente mais belo...! Majestoso até, tamanha a sua abrangência e sublimidade! Tomamos posse da felicidade de ser espírita.
E então, começamos a meditar, a estudar, refletir, conhecer. Diz-nos Kardec que o estudo da Doutrina Espírita ocorre na intimidade do ser, em momentos profundos de oração e de prece. Ler, estudar para conhecer. Meditar, orar, refletir para aprender.
Essa é a fase em que a Doutrina espírita entra em nós. Já não somos mais o que éramos antes. Como diz Einstein, o sublime missionário da física quântica – “É impossível uma mente voltar a ser do tamanho que era, após conceber uma idéia”. Nós crescemos quando aprendemos. Por isso pode ocorrer de não cabermos mais no mesmo espaço que nos satisfazia antes. Após conhecer realmente Jesus é impossível continuarmos sendo as mesmas pessoas comuns de antes.
Quando a pessoa está nesta fase, a vemos pensativa, voltada para si, em orações profundas. Quieta-se por um período a exaltação de antes. É um momento de maior reflexão, vivido com seriedade e introspecção.
Algumas pessoas vieram justamente nos clamar desta fase, e este o motivo que me pôs a escrever este artigo. Dizem elas: “Parece que o que me fazia feliz antes, agora já não me satisfaz”! “Já não sou a mesma no meu grupo de amigos, parece que estou desencaixada entre eles!”, “Agora parece que estou vivendo como uma pessoa velha, já não tenho meus prazeres mais como fumar ou passar uma noite no carnaval!” E perguntávamos se em algum momento alguém do grupo as havia proibido disso ou daquilo. Respondem sempre que não. Que elas próprias passaram a não se sentir bem nestas atitudes de antes. O mundo não a satisfaz mais como antes!
É que vão percebendo a alegria de outra forma.
O Evangelho nos traz muita lucidez em suas palavras “O Homem no mundo”. Traz-nos a postura sábia de vivermos no mundo sem sermos do mundo.
O que dizer a estas pessoas que sentem esta fase, ou melhor, que vivem estes dilemas? Claro que não ocorre com todas as pessoas. A maioria atravessa sem maiores dores, e com alegria perene e constante vão sublimando-se pelo Cristo através da Doutrina Espírita. Ser feliz é a regra. Esses quadros acima embora comuns, não são regra geral. A maioria das pessoas se adaptam bem a Doutrina, sem exigir mudanças em seu grupo social, pois sabe respeitar as escolhas de cada um, mas sabe também defender o seu direito inalienável de ser o que quer ser, agir como melhor convém á sua própria consciência.
Persistindo no caminho Espírita, descobrirão a profunda felicidade do Ser espírita. O íntimo de seu coração pede uma felicidade mais coerente, mais consistente, mais real. Buscam ser felizes e descobrem que a felicidade é muito mais ampla do que a satisfação dos sentidos. Buscam e descobrem a felicidade de servir, de amar em ação, de ser luz no caminho de alguém. Descobre o que é a caridade, o que é espírito de serviço, abnegação, devoção mesmo. Descobrem o sentimento que ninguém no mundo é capaz de descrever, nem o melhor literato, e nem o melhor artista – É indescritível o que sentimos quando ajudamos alguém, quando acendemos um sorriso, quando apagamos uma lágrima, quando minimizamos uma dor, quando fazemos luz no caminho de alguém.. É quando nós sentimos extensão do amor de Deus à Terra. Percebemos que somos irmãos. E então a dor do outro é a minha dor, a alegria do outro é a minha alegria. Surge a fraternidade real. É quando a pessoa descobre o trabalho em favor do próximo.
Agora a Doutrina espírita sai pelas mãos, pelos olhos, pelos gestos, pelas palavras em atos de profundo amor e serviço pelo próximo.
A felicidade de ser espírita é imensa é radiosa, mas muito mais profunda e significativa é a felicidade do ser espírita. É quando a doutrina espírita transforma todo o seu ser. Ele vive e sente a doutrina fazendo parte de todos seus atos, escolhas e planos. Assim cumpre a Doutrina o que se propôs – tornar o homem melhor aproximando-o de Deus.
“Amar a Deus de todo o seu conhecimento, de toda a sua força, com toda a sua fé. E o próximo como a si mesmo!”
“A religião que não torna o homem melhor, ou é falsa ou foi falseada em seus princípios.”
(Mentes do Amanhã - Ano II - Edição VI - Novembro/2009)
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